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Existem várias opções terapêuticas disponíveis para mulheres que sofrem de IOP.

Em geral, a terapêutica com estrogénios é a principal opção recomendada para o tratamento dos sintomas da deficiência de estrogénios e dos seus efeitos a longo prazo.

Opções de terapêutica com estrogénios

  • Terapêutica hormonal de substituição
  • Pílula contracetiva combinada

No entanto, uma pequena proporção de mulheres opta por não utilizar terapêutica com estrogénios. Esta também pode estar contraindicada em alguns problemas médicos.

 

Terapêutica hormonal de substituição (THS)

Terapêutica hormonal de substituição (THS)

A THS é habitualmente recomendada até à idade média da menopausa natural que, no Reino Unido, é aproximadamente 52 anos. Atualmente, não existe evidência de que a THS aumente o risco de cancro da mama ou doença cardiovascular relativamente às mulheres com menopausa normal neste grupo etário (52 anos).

Os regimes utilizados dependem do facto de já ter sido submetida a histerectomia ou não, da existência de alguma atividade ovárica ou de períodos irregulares ou não, e, caso já não tenha período, da preferência por ter uma perda de sangue mensal ou não.

A atitividade ovárica espontânea pode recorrer em 5-10% das mulheres, com consequentes implicações em termos de fertilidade. Assim, a decisão sobre qual a THS a utilizar depende das circunstâncias individuais da mulher e da necessidade ou desejo de contraceção.

Existem vários tipos diferentes de THS disponíveis. Logo, é possível escolher a THS que melhor se adapta a cada indivíduo. Muitas vezes, isto envolve tentar mais do que um tipo, uma vez que nem todas as mulheres vão considerar que a primeira THS que experimentaram é a que melhor se adequa a si.

A Terapêutica Hormonal de Substituição contém duas hormonas:

  • Estrogénio – é a hormona responsável pelo alívio dos sintomas e pela proteção dos sistemas esquelético e cardiovascular e função cognitiva. Pode ter origem em fontes vegetais. É diferente do estrogénio que constitui a pílula contracetiva, que é um derivado sintético e é mais potente que o estrogénio natural.
  • Progestativos – são administrados em associação com os estrogénios. Existem vários tipos de progestativos mas todos têm a mesma função que é proteger o revestimento do útero de proliferar sob a estimulação dos estrogénios.

Existem três tipos principais de THS

  • THS contendo apenas estrogénios
    Para mulheres que foram submetidas a uma histerectomia com remoção do útero e dos ovários. Uma vez que a função principal da progesterona é apenas proteger o útero, este grupo de muheres não necessita de progesterona, pelo que habitualmente lhes é prescrito este tipo de THS.
  • THS cíclica
    A THS cíclica contém estrogénios e progesterona e produzirá uma perda de sangue regular. Esta é também designada de THS sequencial. É utilizada em mulheres que ainda têm períodos irregulares ou que preferem ter uma hemorragia mensal.
  • THS contínua combinada
    Esta contém hormonas semelhantes à THS cíclica (estrogénio e progesterona) e é utilizada em mulheres que não querem ter uma hemorragia ou que já não menstruam há, pelo menos, 2 anos.

Diferentes preparações de THS

Além de ter várias combinações com diferentes tipos de estrogénios com ou sem progesterona, a THS também está disponível sob várias formas:

  • Comprimidos
  • Selos semanais ou bissemanais
  • Geles diários (não disponível em Portugal)
  • Implante(não disponível em Portugal)

Comprimidos

A THS é prescrita mais frequentemente na forma de comprimidos e existem várias marcas disponíveis contendo diferentes combinações de estrogénios isolados ou em combinação com progestativo.

Selos

Os selos cutâneos libertam as hormonas diretamente na corrente sanguínea através da pele (por via transdérmica) e são trocados uma ou duas vezes por semana. Existem várias marcas disponíveis contendo estrogénios isolados ou em combinação com progestativo. As formas transdérmicas de estrogénios, que evitam o metabolismo da primeira passagem, têm a vantagem de aumentar os fatores da coagulação no sangue e reduzir o pequeno aumento do risco de trombose venosa profunda que ocorre com a medicação oral.

Geles

O gel de estrogénio pode ser aplicado diretamente na pele para libertar a hormona na corrente sanguínea, como na preparação transdérmica, e, assim, evitar o metabolismo de primeira passagem, sem aumentar o risco de trombose venosa profunda.

Implantes

São pequenos dispositivos de estrogénios que se inserem debaixo da pele com um anestésico local. Duram cerca de 6 meses, durante os quais libertam a hormona na corrente sanguínea. Não são o tratamento de primeira linha e, habitualmente, são utilizados em pacientes pós-histerectomia quando os sintomas não são controlados por outros meios.

Progestativos

Nas mulheres em que o útero está presente, o progestativo é associado aos estrogénios para diminuir o risco destes causarem o espessamento e, possivelmente, cancro do endométrio (o revestimento do útero). Os progestativos são maioritariamente produzidos a partir de fontes vegetais e assemelham-se à progesterona natural, habitualmente produzida no ovário na segunda metade do ciclo menstrual. Os dois principais tipos de progestativos atualmente utilizados na THS são: os que se assemelham à progesterona – didrogesterona, drospirenona, acetato de medroxiprogesterona e a progesterona micronizada – e os derivados da testosterona – noretisterona, norgestrel e levonorgestrel.

Podem ser combinados com o estrogénio num selo ou num comprimido ou tomados separadamente na forma de um comprimido.

Se ocorrerem efeitos secundários com um tipo de progestativo, mudar o tipo ou a via de administração pode ajudar.

Dispositivo Mirena

É um pequeno dispositivo que se coloca no interior do útero e que pode, habitualmente, ser colocado no consultório com um desconforto mínimo. Liberta uma pequena quantidade de progestativo no revestimento do útero, tornando-o fino e, assim, diminuindo o fluxo menstrual nos casos de períodos abundantes. A sua principal utilização é como método contracetivo. No entanto, tem várias indicações em ginecologia. O Mirena pode ser utilizado para fornecer o componente progestativo da THS.

No início, por vezes, pode estar associado a pequenas hemorragias irregulares, que podem ser irritantes. No entanto, estas perdas resolvem quase sempre.

Com um dispositivo Mirena, pode ser utilizada qualquer forma de estrogénios para controlar os sintomas da menopausa, sejam comprimidos, selos ou gel.

O Mirena é particularmente útil nos casos de perdas abundantes com a THS sequencial, quando é necessária contraceção, ou quando existem efeitos secundários do progestativo da THS.

Uma vez introduzido, permanece no interior do útero durante 5 anos – As vantagens são o facto de a dose de estrogénio poder ser aumentada sem necessidade de aumentar a dose do progestativo e o facto de eliminar a necessidade de tomar mais um comprimido.

Contraceção oral combinada

Todas as pílulas contracetivas contêm um potente estrogénio sintético desenhado para prevenir a ovulação, pelo que tem sido utilizado como THS em mulheres jovens.

No entanto, as pílulas contraceptivas são mais fortes do que os estrogénios naturais e, provavelmente, acarretam um maior risco de formação de coágulos no sangue (trombose) do que o que se verifica com o valerato de estrogénio ou os estrogénios conjugados.

Psicologicamente, nas raparigas adolescentes, a pílula pode ser uma forma de substituição de estrogénios mais fácil de aceitar, uma vez que não tem o estigma que a THS poderá ter.

Em raparigas adolescentes e no início dos 20’s, tomar a pílula pode fazer com que se sintam mais próximas dos seus pares.

Secura vaginal

Os estrogénios tópicos, como comprimidos/pessários e cremes, demonstraram ser um tratamento rápido, eficaz e simples para a secura vaginal. Estes podem ser utilizados de forma segura em associação com a medicação sistémica.

Após duas semanas de tratamento, a maioria das mulheres tem uma melhoria significativa nos sintomas.

A THS local não é utilizada para o tratamento dos afrontamentos ou na prevenção da osteoporose.

Testosterona (não disponível em Portugal)

A testosterona é uma das hormonas androgénicas (predominantemente hormonas masculinas), que desempenha um papel importante na saúde e bem-estar da mulher. Nas mulheres, a testosterona é maioritariamente produzida pelos ovários, mas é também produzida noutros locais do organismo. Os androgénios são importantes para o fortalecimento ósseo e muscular e para o crescimento normal dos pelos. Os androgénios também podem ter um efeito positivo importante no humor, bem-estar, energia e vitalidade das mulheres. Após a remoção cirúrgica dos ovários, os níveis circulantes de testosterona diminuem em 50%. Os níveis também podem diminuir em mulheres após uma histerectomia com conservação dos ovários. Isto deve-se ao facto de a irrigação dos ovários poder ser afetada pela cirurgia. Os estudos indicam que o tratamento com testosterona pode melhorar o humor e a sensação de bem-estar. Além disso, o uso de testosterona está associado a uma melhoria em alguns aspetos da função sexual feminina e é uma opção que algumas mulheres podem considerar.

Medicação prescrita não hormonal

  • Fármacos ISRSs (Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina).

São uma classe de fármacos antidepressivos que parecem ser eficazes nos recetores do “termostato”. Examplos incluem a Venlafaxina, a Fluoxetina e a Paroxetina. Têm sido estudados e amplamente utilizados de forma eficaz na redução dos afrontamentos das mulheres com antecedentes de cancro da mama. O tratamento pode começar com uma dose baixa de ISRS’s com um aumento gradual para minimizar os efeitos secundários.

  • Gabapentina

A gabapentina, um fármaco utilizado no tratamento da epilepsia, enxaqueca e dor de origem nervosa, tem demonstrado reduzir os afrontamentos. Pode ser particularmente benéfico nos sintomas de dor óssea e parestesias. Possíveis efeitos secundários incluem tonturas, fadiga, tremor e aumento de peso. No entanto, os efeitos secundários podem ser minimizados começando com uma dose baixa com um aumento gradual.

  • Clonidina

Trata-se de um fármaco que pode ser utilizado na enxaqueca e tensão arterial elevada e que também pode ajudar uma pequena percentagem de mulheres que sofre de afrontamentos. A dose varia entre 2 e 3,25 mcg, em comprimidos, duas vezes por dia, consoante a resposta. Habitualmente, é bem tolerado. No entanto, possíveis efeitos secundários incluem: dificuldade em adormecer, boca seca, tonturas, obstipação e sedação.

Terapias alternativas

Os benefícios da reposição dos estrogénios no controlo dos sintomas e na prevenção e tratamento da osteoporose são bem conhecidos.

No entanto, algumas mulheres não tomam THS. Seja porque têm uma contraindicação médica para a terapêutica, porque tentaram THS e não toleraram devido aos efeitos secundários, ou porque preferem não tomar e ter uma abordagem mais “natural” ao tratamento da IOP.

Para estas mulheres, as alternativas à THS podem ser úteis.

Existem terapêuticas alternativas disponíveis, quer como medicamentos de prescrição médica obrigatória, quer como medicamentos de venda livre.

A utilização de terapias alternativas é um mercado em expansão e as escolhas das mulheres podem ser, por vezes, confusas.

Apesar de poderem ser eficazes, não são uma abordagem isenta de riscos, e, atualmente, dispomos de pouca informação sobre a eficácia destas preparações. Tente garantir que os produtos que toma lhe estão a fazer bem e que os seus efeitos não se sobrepõem.

Medidas dietéticas e modificações de estilo de vida na abordagem da IOP

Dieta

Uma boa nutrição é essencial para qualquer pessoa em qualquer idade, mas, especialmente, em pacientes com IOP.

Ter uma dieta equilibrada pode ajudar a reduzir o aumento de peso e minimizar os sintomas.

Uma dieta saudável, bem equilibrada, também é importante na redução dos fatores de risco associados a doença cardíaca e osteoporose.

Como parte de uma dieta bem equilibrada:

  • Comer três refeições por dia (ou seja, não saltar refeições)
  • Comer mais frutas e vegetais – 5 porções por dia
  • Evitar o excesso de sal – limitar o consumo nos cozinhados e à mesa
  • Evitar o excesso de cafeína – limitar o chá, café e bebidas gaseificadas.
  • Cortar nas gorduras e açúcar
  • Não comer em excesso e limitar o consumo de “comida de plástico” e alimentos processados.

Exercício

O exercício é importante para um coração e sistema cardiovascular saudáveis, mantendo os ossos fortes e saudáveis, melhorando o humor e promovendo o bem-estar geral.

Qualquer exercício é melhor do que nenhum. Os exercícios de carga são os melhores na prevenção e tratamento da osteoporose (exº caminhada rápida, corrida, dança e aeróbica).

A natação e o ciclismo, embora não sejam exercícios de carga, são bons para a manutenção da flexibilidade articular e podem ajudar a melhorar sintomas como os afrontamentos e a sudorese.

Repouso e Relaxamento

Com estilos de vida cada vez mais ocupados, quer no trabalho, quer em casa, é importante que seja reservado tempo para o repouso e relaxamento adequados. É importante aliviar o stress e a ansiedade, melhorando o humor e promovendo o bem-estar geral.

O excesso de stress também está associado a um aumento do risco de doença cardíaca e pode agravar sintomar como os afrontamentos e a sudorese. Assim, é importante tirar algum tempo para si, para relaxar, com medidas simples como um banho de imersão ou ler um livro.

Tabagismo

O tabagismo aumenta o risco de osteoporose e doença cardíaca, e pode agravar os sintomas vasomotores. As mulheres que fumam devem tentar suspender completamente ou diminuir ao máximo o consumo.

Suplementos de Cálcio e Vitamina D

O Cálcio e a Vitamina D são essenciais para ossos e dentes fortes. A melhor forma de obter cálcio suficiente é através da dieta, uma vez que a sua aborção é melhor. No entanto, os suplementos podem ser benéficos para as mulheres que têm um consumo reduzido na dieta, por exemplo, aquelas que não gostam ou não podem consumir laticínios, ou que têm uma reduzida exposição à luz solar. A dose diária recomendada de cálcio para as mulheres é de 700mg, equivalente a uma caneca de leite meio gordo.

Os laticínios, os vegetais de folhas verdes e peixes gordos constituem boas fontes de cálcio na dieta.

Fontes de vitamina D na dieta incluem peixe gordo, margarina e ovos. No entanto, a maior fonte de vitamina D é a luz solar, pelo que é conhecida como a “vitamina da luz solar”. Pode ser necessário considerar a suplementação com 1000UI diárias para manter os níveis de vitamina D.

Alternativas de venda livre

Fitoestrogénios e Soja são compostos que ocorrem na natureza em diferentes quantidades, em algumas plantas, e que apresentam uma fraca atividade semelhante à dos estrogénios. Existe um interesse crescente nos fitoestrogénios uma vez que existe alguma evidência que sugere que as mulheres provenientes de países que, tradicionalmente, têm dietas ricas em fitoestrogénios, nomeadamente na Ásia, têm menos sintomas da menopausa e uma menor incidência de doenças como doenças cardíacas, osteoporose, e cancros da mama, do útero e do intestino. Apesar da evidência ser encorajadora e sugerir potenciais penefícios para mulheres nos países ocidentais, são necessários mais estudos. Os fitoestrogénios podem ser tomados como um suplemento ou aumentando o aporte na dieta. No entanto, são necessárias alterações radicais da dieta para se verificarem efeitos.

Alimentos que constituem boas fontes de fitoestrogénios incluem:

Cereais: aveia, cevada, centeio, arroz castanho e triguilho.

Sementes: girassol, sésamo, pevides, papoila e linhaça.

Legumes: todos os produtos derivados de soja.

Leguminosas: grão-de-bico, feijão, fava, ervilhas quebradas.

Vegetais: cebola vermelha, feijão verde, aipo, pimentão-doce, salva, alho, bróculos, tomate e rebentos de feijão.

A soja, os óleos de linhaça e o trevo vermelho são as fontes mais ricas em fitoestrogénios.

Os produtos de soja, como o leite e iogurtes de soja, também são fontes ricas e estão disponíveis nos supermercados. Os fitoestrogénios, como o Trevo Vermelho, também estão disponíveis para compra como suplementos alimentares na forma de comprimidos. Podem, ou não, ser aplicáveis a todas as mulheres.

As mulheres com antecedentes pessoais de cancro da mama ou de outros tumores dependentes de hormonas não devem ser aconselhadas a tomar fitoestrogénios, uma vez que se desconhece se mesmo pequenas quantidades de estrogénios podem ter um efeito adverso. Mais estudos são necessários.

Outros produtos vegetais

Black Cohosh

Alivia os afrontamentos, suores noturnos e secura vaginal.

Óleo de Onagra

Contém ácidos gordos essenciais. Pode ser útil em mulheres que sofrem de tensão mamária como resultado da THS.

Salva

Pode aliviar os afrontamentos e suores noturnos. Pode ser tomado na forma de chá.

Hipericão

Não tome este produto sem consultar o seu médico. Eficaz no tratamento da depressão, distúrbios do sono e ansiedade.

Dong Quai

Utilizado com frequência nos afrontamentos.

Gingseng Siberiano

Acredita-se que aumenta os níveis de estrogénios, de energia e vitalidade, e que reduz a ansiedade e a tensão.

Árvore da castidade

Também conhecida como Agnus Castus, é uma erva potente mas de ação lenta, que deve ser utilizada com cuidado. Pode ser utilizada nos afrontamentos e flutuações do humor.